História

Fânzeres é uma povoação cujo aparecimento é bastante longínquo, facto que permitiu construir, pelo tempos fora, um património de grande riqueza quer cultural quer histórica.
A sua existência secular é demonstrada pelo seu topónimo, que Joseph Piel considera de origem germânica (Fanzanares). Documentos antigos referenciam-na como pertencendo em 1226, às terras da Maia.
A própria existência de um Pelourinho, que eram símbolos importantes da jurisdição e autonomia concelhia, atestam a importância histórica de Fânzeres.
Refere-se também ao facto de, logo após o Concilio de Trento, ter sido feita uma visita pelo Bispo de D. Frei Marques Gonçalo à Igreja de Fânzeres, em 18 de junho de 1586 que, para além de tomar conhecimentos dos bens paroquiais obtidos de casamentos e baptizados, veio ministrar o Crisma, sendo o primeiro crismado, Gonçalo Gonçalves da Santa Ovaia.
Uma circunstância que liga a povoação de Fânzeres à história de Portugal é o facto de aquando do cerco do Porto, D. Miguel ter percorrido a Estrada que corre na crista da serra que separa esta povoação de S. Pedro da Cova, hoje denominada a Estrada D. Miguel, para se juntar às suas tropas, estacionadas em Valongo, no dia 5 de novembro de 1832.
Outras pessoas ilustres marcaram presença nesta terra, designadamente o escritor e romancista Júlio Dinis que aqui permaneceu largas temporadas, ficando hospedado em casa do Abade Pinto Outeiro, benemérito da instrução fanzerense a que legou a Casa da Escola do Paço, nomes estes relembrados em artérias da freguesia. Será interessante assinalar que Camilo Castelo Branco, ficou ligado de certo modo a Fânzeres dado que o seu sogro, Sebastião Santos aqui nasceu e viveu algum tempo.
Aliás e por estas razões Fânzeres foi uma das localidades que em 1990 lembraram o primeiro centenário da morte do escritor através de uma importante homenagem organizada pela ARGO - Associação Artística de Gondomar.
Fânzeres foi elevada à categoria de Vila em reunião plenária da Assembleia da República de 30 de Junho de 1989. Este evento consta do Diário da Assembleia da República, I Série, n.º 99 de 1 de Julho de 1989, tendo sido publicado como Lei n.º 63/89 de 24 de Agosto no Diário da República, I Série n.º 194.

As referências históricas sobre S. Pedro da Cova remontam aos princípios da fundação de Portugal: 1138, o "Couto de S. Pedro da Cova" foi doado por D. Afonso Henriques a D. Pedro Rebaldis, sucessor de D. Hugo, Bispo do Porto. Em 1379, D. Afonso III confirmou a doação do Bispo do Porto do "Couto de S. Pedro da Cova", no julgado de Gondomar.
Com a extinção dos coutos em 1820, a Freguesia de S. Pedro da Cova adquiriu a designação de Concelho, que foi extinto em 1836. Extinto o "Concelho de S. Pedro da Cova", a povoação passou a pertencer definitivamente ao Concelho de Gondomar. Sendo um aglomerado populacional contínuo, S. Pedro da Cova é constituído pelos seguintes lugares: Bela Vista, Belói, Bouça do Arco, Carvalhal, Cimo da Serra, Covilhã, Ervedosa, Gandra, Mó, Passal, Ramalho, Silveirinhos, Tardariz, Vale do Souto, Vila Verde.
Embora ligados urbanisticamente, tais lugares mantêm, ainda uma identidade própria, fruto de uma enraizada tradição. Segundo o "Censo Demográfico de 1930", S. Pedro da Cova tinha nessa data 4.298 habitantes, o que correspondia a cerca de 9% da população residente no Concelho de Gondomar. Actualmente as estimativas mais credíveis apontam para a existência de cerca de 20.000 habitantes (Censos/91-18.006).
Situada a escassos 10 Km da Cidade do Porto e a 4 Km da sede do Concelho (Cidade de Gondomar - S. Cosme), a Vila de S. Pedro da Cova tem uma área de 16,1 Km2, correspondente a 12% da área total do Concelho de Gondomar.
Confronta: a Norte com a Vila de Fânzeres (Gondomar) e com o Concelho de Valongo; a Sul com as Freguesias de Jovim e Foz do Sousa (Gondomar); a Oeste com a Vila de Fânzeres e a Cidade de Gondomar (S. Cosme); e a Este com os Concelhos de Valongo e Paredes.
Perde-se, pois, nos tempos históricos a fundação medieval da hoje Vila de S. Pedro da Cova. De cariz profundamente agrícola, ela torna-se um centro industrial de grande importância após a descoberta, do carvão e antracite, no fim do sec. XVIII existente no seu subsolo. Inicia-se timidamente a sua exploração e, mais tarde, já nos anos trinta, intensifica-se a sua extracção em grande escala.
Tornou-se então um centro catalizador de migração. Várias gerações de trabalhadores fizeram desta terra o seu ganha-pão, contribuindo assim para um ascenso demográfico assinalável. Isolada que estava, apesar da proximidade do Porto, viu rasgarem-se novos horizontes e o nome de S. Pedro da Cova, começa então a ser conhecido em Portugal como "Terra Mineira". Como consequência surge a primeira ligação de transportes ao Porto, com a construção da linha do eléctrico, proporcionando um contacto mais regular com uma nova realidade, consubstanciada na grande cidade. A baixa dos preços do petróleo traz a crise e as Minas fecham, no início da década de 70.
Paradoxalmente, as populações, que julgariam perdidas todas as esperanças de vida, integram-se perfeitamente num mundo laboral novo, completamente diferente do seu. Fica para trás o atraso secular então reinante e novas perspectivas se abrem com melhores condições.
Com a evolução dos tempos vai surgindo um novo tipo de operariado e de serviços. S. Pedro da Cova deixa de ser fechada para se abrir ao mundo exterior e, passo a passo, dilui-se na grande área Metropolitana do Porto, passando a ser um autêntico dormitório da cidade.
Simultaneamente, novas indústrias como a Ourivesaria, a Metalomecânica, Mobiliário, Maleira, Elétrica, Comércio e até Serviços vão aparecendo. Do pequeno burgo de outrora S. Pedro da Cova transforma-se num imenso agregado populacional. Infelizmente esse aumento não se fez acompanhar de melhores condições de vida na mesma proporção. Isto é, o crescente bem-estar ficou muito aquém do que seria de esperar, do que seria necessário.
E se após o 25 de Abril de 1974 algo mudou, foi também graças ao Poder Democrático com ele instaurado que uma nova gestão autárquica trouxe vida nova a S. Pedro da Cova. Criadas as condições objectivas essenciais com evidentes sinais de crescimento e desenvolvimento económico e consequentemente de melhores condições e qualidade de vida para as populações, torna-se realidade uma velha aspiração da população de S. Pedro da Cova com a aprovação, pela Assembleia da República, em 30 de Junho de 1989, da elevação da freguesia a Vila.
Premiou-se assim as gentes desta terra laboriosa pela vitória na luta contra o sofrimento e atraso de outrora, pela riqueza do trabalho executado ao longo dos tempos como muito bem se patenteia no Brasão de Armas da sua bandeira.