Bairros Operários e Casas da Malta
Por consequência das chegadas migratórias de operários oriundos das zonas rurais, devido a um aumento da exploração e produtividade de carvão na Vila, houve a necessidade de se criar alojamento para estes operários.
Em São Pedro da Cova, existiram três Casas da Malta: uma no Passal, em madeira, a segunda em Vila Verde, onde hoje se encontra o Café Emigrante e a terceira onde se localiza o Museu Mineiro de São Pedro da Cova. Esta última é uma construção dos anos 1963 e 1964, do engenheiro Barreiros Leal. Trata-se de uma construção moderna, com uma estrutura em betão, desenhada de modo a adaptar-se à forma do terreno. Revela na sua planta uma simetria quase perfeita, que só na zona dos espaços comuns e no respetivo alçado deixa de existir. A sua forma parece ter sido inspirada no, já existente, posto médico.
No piso térreo, existia a sala de leitura e jogos (receção), os lavatórios (wc’s), banhos (biblioteca), cozinha, sala de refeições (sala do serviço educativo), que continham uma lareira aberta, onde se cozinhava, e uma arrecadação de lenha. Ainda neste piso, no espaço destinado à exposição permanente encontravam-se 24 quartos e 28 no piso superior. Apesar das inúmeras intervenções ao longo dos anos, são ainda visíveis as marcas no chão, que delimitavam os quartos.
Em 1989, quando ocorreu a adaptação do edifício da Casa da Malta a Museu Mineiro, o arquiteto, António Madureira, teve alguns cuidados no sentido de manter características históricas e arquitetónicas que levassem a relacionar o edifício às suas primitivas funções. Para além do pavimento, manteve as portas exteriores que os direcionavam para a arrecadação das bicicletas e arrecadação de lenha.
Bairros Mineiros
Inserido num programa de melhoramentos sociais e num plano que visava atrair ainda mais mão de obra, a Companhia das Minas de Carvão de São Pedro da Cova lança a construção de dois bairros operários em São Pedro da Cova: em 1920, inicia a construção em Vila Verde e em 1940, no Passal.
Estes bairros operários tinham habitações de dois tipos: umas para casais sem filhos e outras para casais com filhos. Assim, eram compostas por um ou dois quartos (respetivamente) e uma cozinha. Além destes espaços, quase todas as casas tinham quintais.
Os materiais utilizados na sua construção foram: xisto ou blocos de cinza de carvão (feitos através secagem e pressão de uma mistura de cinzas do carvão com água). Estas não possuíam abastecimento próprio de água.
Eram compostos por filas de casas térreas, com uma margem de terreno à volta, na qual se localizavam os quintais das respetivas casas, de modo a se adaptarem ao declive do terreno. A sua localização estaria muito provavelmente ligada a questões de proximidade às várias explorações que existiam na época. Os bairros implantar-se-iam afastados do centro da povoação, mas de modo a permitir uma deslocação fácil dos operários até aos vários pontos de extração.
Curiosidade: 4 de dezembro de 1920, é a data apontada para inauguração do 1.º Bairro Mineiro. Coincidindo com o dia de Santa Bárbara, padroeira dos Mineiros.
A maior parte dos operários eram apelidados de malteses, por serem a “malta” proveniente de outras zonas rurais como Penafiel, Paredes, Amarante, Barcelos, Lousada, Felgueiras, etc.
A Casa da Malta tinha uma arrecadação onde os malteses penduravam as suas bicicletas,que permitia a deslocação ao fim de semana, entre o trabalho e a sua residência.